Um desenvolvedor de blockchain que afirma ter feito engenharia reversa do código-fonte da moeda digital piloto do Banco Central do Brasil (CBDC) descobriu funções no código que permitiriam que uma autoridade central congelasse fundos ou reduzisse saldos.
Desde então, ele argumentou, no entanto, que pode haver situações em que tais funções possam ser benéficas.
Em 6 de julho, o código-fonte do projeto piloto do real brasileiro digital foi publicado no portal GitHub pelo Banco Central do Brasil. Foi explicado na altura que o projeto-piloto se destina a ser utilizado apenas em ambiente de testes e que a “arquitetura apresentada” poderá sofrer alterações adicionais.
Pedro Magalhães – um desenvolvedor de blockchain e fundador da empresa de consultoria de tecnologia Iora Labs – mais tarde naquele dia afirmou ter sido capaz de fazer “engenharia reversa” do código-fonte aberto do real digital do Banco Central do Brasil, revelando funções no código.
As funções incluíam congelar e descongelar contas, aumentar e diminuir saldos, mover moeda de um endereço para outro e criar ou queimar reais digitais de um endereço específico.
6/ These resources can be executed by any entity that receives proper permissions from the controlling entity of the new system — i.e. the Central Bank.
Among the changes authorities could potentially make using these functions are, for example: pic.twitter.com/AT5v1rOQbK
— Vini Barbosa (@vinibarbosabr) July 10, 2023
Magalhães disse ao que o banco central do Brasil “provavelmente” manteria essas funções para empréstimos garantidos e outras operações financeiras baseadas em protocolos de finanças descentralizadas (DeFi).
O problema, explicou Magalhães, é que o código carece de especificidade sobre as circunstâncias em que os tokens podem ser congelados e, principalmente, quem detém o poder de executá-los:
“Uma coisa é concordar com uma operação e executar uma operação DeFi que envolva diferentes blockchains; outra coisa completamente diferente é uma instituição ter a capacidade de congelar o saldo por sua iniciativa, e é exatamente assim que eles desenvolveram os contratos inteligentes.”
Esses aspectos devem sempre ser expostos publicamente nos contratos inteligentes e discutidos com a população, o que ainda não foi feito”, acrescentou.
Muitos na comunidade de criptomoedas levantaram preocupações de que um CBDC tem o potencial de infringir sua liberdade financeira e invadir sua privacidade.
11/ One of the purposes of publishing the pilot, as written in the project's so-called “Onboarding Kit”, is to receive feedback — leaving all documentation subject to evolution or changes. And that's exactly what developer Pedro Magalhães did: he provided feedback.
— Vini Barbosa (@vinibarbosabr) July 10, 2023
Em uma postagem de 10 de julho, Magalhães disse que, embora as preocupações dos brasileiros sobre a CBDC sejam compreensíveis, ela pode oferecer alguns benefícios.
Ele explicou que os impostos seriam mais facilmente rastreáveis, permitindo que o público fiscalizasse para quais recursos os recursos são destinados, além de fiscalizar as compras feitas pelo estado na cadeia e fortalecer a transparência nas emendas parlamentares.
Em julho de 2022, Fabio Araujo, economista do Banco Central do Brasil, explicou que o real digital tem o potencial de interromper as corridas bancárias e busca proporcionar aos empreendedores um ambiente mais seguro e confiável para inovar.
O piloto real digital está supostamente rodando no Hyperledger Besu – um blockchain compatível com Ethereum Virtual Machine (EVM) operado de forma privada.
Como não é sem permissão como as principais redes Bitcoin ou Ethereum, os usuários precisarão da aprovação do banco central para se tornar um nó, afirmou Magalhães em 7 de julho.
Créditos: Cointelegraph e Canva.