Deputados aprovam Projeto de Lei que cria imposto para Bitcoin e criptomoedas

A Câmara dos Deputados aprovou em sessão deliberativa do Plenário desta quarta, 25, o texto-base do Projeto de Lei 4173/23, do Poder Executivo, que institui a tributação de investimentos de pessoas físicas no exterior e a antecipação de imposto em fundos fechados no Brasil, incluindo Bitcoin e criptomoedas.

Agora, o texto aprovado segue para votação no Senado, onde pode sofrer modificações.

Aprovada a Redação Final assinada pelo Relator, Dep. Pedro Paulo (PSD-RJ). A Matéria vai ao Senado Federal (PL 4.173-A/2023).”, destaca a publicação da Câmara

O projeto de Lei 4173/2023, protocolado pelo Governo Federal, prevê a cobrança de um imposto de até 22,5% de quem têm criptomoedas em exchanges situadas fora do Brasil, como Coinbase, Binance, Bitget, Gate.io e outras.

Durante a tramitação do projeto foi protocolada a Emenda nº 14 alterando o § 1º, de modo a excluir os criptoativos da definição de aplicações financeiras no exterior sujeitas à tributação na forma do seu art. 2º. A emenda, porém, foi rejeitada pelo relator, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ).

Conforme o projeto, a tributação dos investimentos ocorrerá sobre rendimentos de aplicações financeiras, lucros e dividendos de entidades controladas no exterior (offshores) e trusts, incluindo criptomoedas.

Na proposta atual qualquer usuário que tiver criptomoedas avaliadas em mais de R$ 6 mil, em empresas no exterior, como Binance, Bitget, Gate.io. Crypto.com, Coinbase, Bitfinex, OKX, Crypto.com, Bybit, e outras deve pagar imposto de até 22,5%.

Segundo o texto aprovado, o novo imposto tem potencial de arrecadação da ordem de R$ 7,05 bilhões em 2024, próximo a R$ 6,75 bilhões em 2025 e R$ 7,13 bilhões para 2026.

A nova regra aplica-se aos resultados apurados pelas entidades controladas a partir de 1º de janeiro de 2024. Os resultados acumulados pelas entidades no exterior até 31 de dezembro de 2023, antes da entrada da nova regra de tributação, serão tributados somente no momento da efetiva disponibilização para a pessoa física.

Conforme o Projeto de Lei aprovado:

1º Os rendimentos de que trata o caput ficarão sujeitos à incidência do IRPF, no ajuste anual, pelas seguintes alíquotas, hipótese em que não será aplicada nenhuma dedução da base de cálculo:
I – zero por cento sobre a parcela anual dos rendimentos que não ultrapassar R$ 6.000,00 (seis mil reais);
II – quinze por cento sobre a parcela anual dos rendimentos que exceder a R$ 6.000,00 (seis mil reais) e não ultrapassar R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); e
III – vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento sobre a parcela anual dos rendimentos que ultrapassar R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Neste caso, os contribuintes terão a opção de atualizarem o valor de seus bens e direitos no exterior para o valor de mercado em 31 de dezembro de 2023, tributando a diferença para o custo de aquisição pela alíquota definitiva de 10% (dez por cento).

Conforme a proposta, a pessoa física com renda no exterior de até R$ 6 mil por ano estará sujeita à alíquota de 0% do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A renda entre R$ 6 mil e R$ 50 mil por ano ficará sujeita à tributação pela alíquota de 15% do IRPF, enquanto a renda superior a R$ 50 mil ficará sujeita à alíquota de 22,5%.

“Art. 44. As empresas que operarem no país, com ativos virtuais, independentemente de seu domicílio, ficam obrigadas a fornecer informações periódicas de suas atividades e de seus clientes à Receita Federal do Brasil (RFB) e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)”.

Não ao imposto

A ABCripto, Associação Brasileira de Criptoeconomia já destacou que a proposta de criação de um novo imposto para as criptomoedas no Brasil é ilegal.

“A inserção dos criptoativos, de maneira indiscriminada, na categoria de aplicações financeiras é uma questão controversa, imprópria, ilegal e potencialmente inconstitucional”, ressalta Daniel Paiva, sócios do VDV Advogados.

Segundo o especialista, os criptoativos não podem ser tratados de forma ampla e indiscriminada como aplicações financeiras tradicionais, e é essencial adaptá-los à realidade atual, respeitando as peculiaridades e garantindo um ambiente jurídico seguro e coerente.

“As carteiras digitais são essenciais para o funcionamento e gestão dos criptoativos, mas não são aplicações financeiras. São ferramentas ou infraestruturas que permitem o armazenamento das chaves privadas e a transação de criptoativos. Enquadrá-las como aplicações financeiras é uma simplificação excessiva e imprecisa da sua verdadeira função e natureza”, explica Paiva.

Para o advogado, enquanto aplicações tradicionais possuem relações claras com terceiros – como a relação entre um investidor -, as carteiras digitais servem como meio para os usuários gerenciarem seus próprios ativos.

Confira a votação

Créditos: CoinTelegraph.

Comitê canadense propõe medidas para apoiar blockchain e cripto

Os legisladores canadenses na Câmara dos Comuns mostraram seu apoio à tecnologia blockchain e às criptomoedas em um relatório divulgado pelo Comitê Permanente de Indústria e Tecnologia (INDU).

O relatório, que consiste em 16 propostas separadas, destaca as vantagens e o potencial da tecnologia blockchain em vários setores. Como resultado das deliberações do INDU, o comitê fez recomendações que foram incluídas no relatório para consideração da Câmara dos Comuns e do governo.

O relatório recomenda que o governo canadense reconheça o blockchain como uma indústria emergente com oportunidades econômicas e de criação de empregos significativas a longo prazo. Recomenda priorizar a proteção do direito dos indivíduos à auto custódia e promover o acesso seguro e confiável aos ativos digitais.

Assim como o país pressionou pela adoção de regulamentações criptográficas, o INDU propõe que o governo estabeleça uma estratégia nacional de blockchain envolvendo especialistas, empreendedores, acadêmicos, investidores e a indústria de inteligência artificial (IA). O relatório sugere que a estratégia deve estabelecer uma plataforma para troca e monitoramento de informações, analisar áreas promissoras de interrupção, aconselhar o governo sobre iniciativas promissoras e apoiar o governo na implementação.

O relatório também sugere que o governo busque a cooperação internacional no desenvolvimento de regulamentos e políticas de blockchain, conduza projetos-piloto inovadores usando livros distribuídos, adote uma abordagem regulatória distinta para stablecoins, promova o estabelecimento de custodiantes de criptomoeda regulamentados pelo governo federal e forneça acesso a serviços bancários e de seguros para empresas de blockchain.

O relatório afirmou que uma campanha de conscientização pública deve ser lançada para educar o público sobre os riscos relacionados às criptomoedas e os benefícios de acessar os mercados de criptomoedas por meio de entidades canadenses regulamentadas.

Para garantir que a tecnologia blockchain se torne popular, o comitê incentiva o governo a investigar maneiras de promover a adoção da tecnologia blockchain nas cadeias de suprimentos e estudar os benefícios da tecnologia para votação eletrônica, consulta e modernização de instituições democráticas.

Recentemente, o Departamento de Finanças do Canadá propôs mudanças legislativas na Lei do Imposto sobre o Consumo relacionada à mineração e remuneração de criptoativos. A proposta do INDU recomendou investigações de equidade entre as províncias na aplicação da Lei do Imposto sobre o Consumo às atividades de mineração e alegou que a mineração de ativos digitais constitui uma indústria competitiva.

Créditos: Cointelegraph e Canva.